Poesia Em Português

pinched

Pequena Tiragem /
Little Mag

Gales Verbovista /
A Welsh Wordscape

Curso de férias /
Summer School

Tudo que ela diz /
All She Says

O Escritor em Férias com
Dois Adolescentes Envia
um Postal para a Casa /
The Writer on Holiday
with Two Teenagers
Sends a Postcard Home

A Escuridão e os Sons
da Água / Darkness
and the Sounds of Water

 

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Translations from Finch originals in Portugese by the Brazilian poet and critic Donny Correia. Correia is a poet and Events Coordinator at Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos de poesia e Literatura (São Paulo), the first poetry house in Brazil. As a poet he has published O Eco Do Espelho (The Echo of the Mirror) and is currently working on on second book as well as preparing an anthology of the work of Gregorio de Matos, one of the most imortant brazilian poets of the 17th century. Correia's work can be found at : www.cronopios.com.br/mnemozine, www.revistazunai.com.br and at www.leialivro.sp.gov.br. Hisinfluences are Augusto dos Anjos, Baudelaire, Byron, Oscar Wilde, Dylan Thomas, Pedro Kilkerry, Sousândrade, Augusto de Campos, Haroldo de Campos, João Cabral de Mello Neto, José Lezama Lima, Claudio Daniel, Frederico Barbosa, and Ezra Pound. Correia lived in London between 2000 and 2003. He currently lives in São Paulo

Correia's translations will provide an expanding selection of Portugese translations of the work fo Peter Finch, complete with extensive notes.

Online at Brazil's leading literary e-zine ZUNÁI

 



Pequena Tiragem

(Little Mag)

Gastei três horas
endereçando envelopes
Caneta exausta.
Prestes a acabar
a mão se encontra
totalmente incapaz de
fazer um "o" direito

As revistas saem num vapt-vupt.

Em troca, recebo erros
explícitos, protestos, nomes
pela metade, má pontuação, palavras faltando,
poemas, duas renovações, um cancelamento,
um ensaio ruim sobre a obra
de alguém que eu nunca ouvi falar,
um par de sandálias, um peixe morto.

No correio eu tenho um
acordo em que eles colam os
selos e eu pago.
"Muito palavrão",
diz o supervisor com um chapéu
falando comigo como
se eu fosse um marciano.
"Há mulheres por aqui".
Eu tomo nota.

No bar eu bebo
para esquecer disso tudo
mas o senhorio vem
com mais um 'pague logo'.
Isso me pega pelo colarinho
feito um telegrama animado.
Não posso falar merda.
Manda mais uma dose eu sorrio.
Caprichada, digo.

Amanhã o abuso
dos livros na chuva de
livrarias.
Um saco de cartas feito um
balaio de peixes.

Caro editor
Vão anexos 38 poemas sobre amor.
Meus amigos dizem que
são melhores do que tudo
que já leram.
Gostaria de comprar a sua
revista por favor mande
um exemplar grátis.
Pagarei por uma
quando estiver nela.

Segue anexo
Aqui está
Estou mandando
Atenção para
Submeto

Você poderia
Você vai
Por favor
É importante que
Eu espero
Eu devo
Eu tenho que
Eu sou o melhor
Geralmente eu não ligo
mas esses meus poemas ficam
tão bons em conjunto que eu
os leio uma duas vezes
após escrevê-los.

Você é o caminho
Você é a trilha
Você é a luz
A luz no fim do túnel
nessa imensidão verbal

Eu espero que
Me ajude

Mas eu não posso
Poesia não faz milagres
Mando recusas

Em resposta

Tradução de Donny Correia

 

 


NOTAS:

Little Mag é um termo anglo-americano para jornais e revistas literárias sem fins lucrativos e com pequena tiragem.

 

Bic exhausted - Bic, assim como no Brasil, é a marca da caneta. Aqui optei por traduzir como "caneta" simplesmente para não causar estranhamentos.

 

Ack-ack é o som onomatopaico das baterias antiaéreas usadas pelos ingleses durante a guerra. Aqui o autor usou ack-ack para dar a idéia que as revistas dever sair com rapidez, com urgência.

 

Left topher off his name - uma curiosidade reveladora sobre este verso é que Peter Finch, num de seus trabalhos como editor, publicou o nome do autor como sendo Chris. Na verdade o nome deveria ter sido publicado por inteiro: Christopher. Finch deixou o topher de fora. A construção deste verso no original dá imponente voz poética ao assunto, que pretende exatamente expor as agruras da rotina do editor de uma pequena publicação.

 

It comes at me across the pump handles - aqui, Finch refere-se à máquina por onde tira-se cerveja nos pubs (bares) ingleses. Optei por "Isso me pega pelo colarinho" para estabelecer uma analogia entre a cerveja (no original) e o "colarinho", espuma da cerveja. Do ponto de vista poético, o verso revela a força do ato de beber para se esquecer de problemas e ao mesmo tempo como isso amplifica a dor que os mesmos problemas causam ao mero recordar de um detalhe ou outro, neste caso o senhorio cobrando o aluguel. Vale lembrar que fica claro que o que o autor está bebendo é cerveja quando, mais adiante, ele pede outro "pint"(Have another pint I smile). Pint é uma unidade de medida equivalente a 568 mililitros. Na Inglaterra, cervejas são comumente servidas de duas maneiras, "half pint" (meia dose) ou "pint" (dose inteira). Frequentemente a palavra "pint" é usada para designar a própria bebida, e somente quando se trata de cerveja, ou cidra em alguns casos. Ex: "One pint of Guinness, please", ou, Half pint of Strongbow, please.

 

Sack of kippers seria literalmente traduzido como um saco cheio de peixes defumados, como salmão, por exemplo. Optei por cortar a idéia de peixe defumado por que seria explicativo demais. Também optei por balaio, e não saco, para não repetir substantivos, já que, neste contexto, bag e sack teriam o mesmo significado em português.

 

I would like to buy your / magazine please send a / free copy - A partir deste ponto, Finch inicia a exata e esquizofrênica descrição impressa em várias cartas de aspirantes a poetas que (via de regra) dizem as coisas mais absurdas do mundo (muitas vezes involuntariamente) para tentar ganhar a simpatia de um editor, depósito de toda a expectativa destes aspirantes. Mas Finch termina por concluir de forma pessimista, mas irônica (quase um humor negro): Poetry is short on miracles.

 

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Gales Verbovista

(A Welsh Wordscape)

 

1.

Viver em Gales,

É ser ofuscado
por re-incarnações de Dylan Thomas
sob vários, diversos disfarces.

É ser metralhado
pelas mesmas palavras
ao menos seis vezes por semana

É ver-se farto
por visionários galeses
de cabelos boêmios e ternos cinzas.

É ouvir
sobre a incrível agonia
de um exílio
que é no máximo
um dia de retiro.

E as ovelhas, as ovelhas,
as danadas das pulguentas ovelhas galesas,
tangidas sobre os mesmos montes
por milhares de frases poéticas
que sempre se repetem.

Viver em Gales
é amar as ovelhas
e temer os
dragões.
2.

Um história é re-vivida,
uma herança
perdida é, agora, revista
com olhos lassos e magras lágrimas

Um herança
que versou beleza ao mundo
por entre unhas turvas e
infindáveis vapores alcoólicos.

Uma herança
que forçou-se audível
disseminou-se divina e presente
e conectou Wales
Ao rodamoinho
do universo

Uma herança
que cessou comunicação
pela morte, e contra tudo e todos
tentou seguir viva

Uma herança
que está levando
muito tempo a aprender
que passado não pode ser presente
e que o mundo
está, bem rápido, virando tédio
com línguas que sempre soam
no mesmo tom de voz.

Veja a paisagem galesa,
veja de perto,
novas vozes devem surgir,
pois Gales não pode esgotar-se ao tanger
de ovelhas rumo ao crepúsculo

Tradução de Donny Correia

 


NOTAS:

Welsh Wordscape: Ainda que fossem empregados os maiores esforços para buscar uma tradução exata do título, não seria possível atingir a exuberância da imagem que Peter Finch criou ao juntar as palavras "word" (palavra) e "landscape" (paisagem). Escrito por volta de 1966 este poema é um diálogo com R S Thomas, que escreveu "A Welsh Landscape", e , assim como o original, questiona a identidade galesa numa época em que a maioria da população não falava galês, e não se considerava "Welsh". É, ainda, um chamado urgente de novas vozes que representem a cultura de um país que parece rumar direto para a mesmice. Em tempo, R S Thomas é pessimista, por sinal, ao afirmar que o País de Gales não tem presente nem futuro, vive no passado.

A porpósito do significado do título, Finch busca um panorama da imagem galesa através da palavra, como se esta fosse a paisagem repleta de referencias a uma nação, a ser observada/lida pelo interlocutor.

Para compor o título em português, permutei um adjetivo "Welsh" (galês/galesa) por um substantivo (Gales). Por fim substituí o substantivo "wordscape" pelo neologismo verbal "verbovista".

 

Is to be mumbled at/ by re-incarnations of Dylan Thomas/ in numerous diverse disguises: A estrofe refere-se à sobra de um dos maiores ícones da poesia galesa que, por uma ou outra razão, sempre acaba ofuscando, eclipsando, a voz de novos poetas.
Is to be mown down/ by the same words/ at least six times a week: o phrasal verb "to mow down" faz referencia ao que os gangsters dos anos 30 faziam ao passar metralhando pessoas em fila, sequencialmente. Aqui, assim como no original, usei o sentido literal do verbo (metralhar), para criar a metáfora que sugere a opressão através de um repertório lingüístico reduzido.



To live in Wales/ is to love sheep/ and to be afraid/ of dragons: Peter Finch retrata, nesta estrofe, dois símbolos da cultura rural e primitiva do País de Gales, sendo as ovelhas e os míticos dragões medievais. Mais adiante, o poeta assume que esta mentalidade que mira somente as marcas de um passado cultural precisa de novo fôlego.

 

through dirty fingernails: Clara referência à tradicional figura dos mineiros das reserves de carvão, personagens que são símbolo de gerações. A figura do minerador está para a cultura galesa assim como o bóia-fria está para nossa cultura. O minerador é o personagem que encarna todas as dificuldades existentes na luta pela sobrevivência e que vive à margem da identidade cultural sem se dar conta de que ele mesmo representa o elo mais forte desta mesma cultura.

Personagem principal de vários trabalhos na literatura do País de Gales, esta curiosa figura pode ser melhor compreendida na obra máxima sobre o assunto: How green was my valley, de Richard Llewellyn. O romance escrito na primeira metade do século XX é uma mistura de ficção e biografia que conta a saga de uma família de trabalhadores das minas de carvão que vai sofrendo cada vez mais a ação do tempo, do progresso e das más condições nas minas. É um testemunho indefectível do contraste entre a beleza dos montes e vales, e a crua realidade dos quase escravos mineradores.

 

A heritage/ that screamed that once,/ that exploded that one holy time: Os versos referem-se a um período particular no momento em que uma figura galesa (Dylan Thomas) surgiu para ser conhecido pelo mundo, conectando, assim, o País de Gales, com o turbilhão da civilização exterior.

 

new voices must rise: Após seguir por todo o poema falando sobre os contrastes de um País de Gales carecido de uma urgente revolução, Peter Finch apela através de um protesto para que novas vozes surjam para tirar o país do gesso de valores ancestrais e estáticos, sem, no entanto, perder a identidade, mas fortalecendo-a através do novo.

 

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Curso de Férias

(Summer School)

 

Na curso de escritores
o mundo se aposentou.
Nenhum dos estudantes
cabem nas cadeiras.
A idade já interfere.
Uma mulher com um peito
feito um saco de carvão canta
fragmentos soltos de
Gilbert e Sullivan. Sou muito
educado para fazê-la parar.
Todos parecem estar
aqui por décadas
mas nenhum deles
faz progresso
Nós tentamos um haikai
treinando concisão. Um dragão
num vestido florido lê
o dela como se chamasse
um táxi. Ela é atriz.
A fileira de trás
entendeu tudo errado e criam sonetos
O homem manco e
de calças manchadas fala sobre
a guerra contra a
opressão em Singapura.
Eu leio Basho na
tradução de Sylvester,
o máximo daquela língua
Sapo
Lago
Ploft
onda após onda
ao longo de um golfo
de confissões íntimas
ou coisas sobre mendigos.
É uma questão de ecos
eu os digo.
Um haikai sugere,
obliquamente
é cheio de ondas.
Uma bruxa velha na fila da frente
ergue a mão
Sim? Estou sendo claro?
É tudo besteira, ela diz.

Tradução de Donny Correia

 


NOTAS:

"Eu lecionei em muitos cursos de férias para escritores e está tudo lá no poema, as mesmas pessoas vindo ano após ano sem nunca aprender nada. Eles discutiam comigo, dizendo que clichê é bom. Às vezes perguntamos se alguma coisa nisso vale realmente a pena."
(Peter Finch)


Gilbert and Sullivan: William S. Gilbert e Sir Arthur Sullivan foram compositors ingleses de operas leves. Entre o final do século XIX e início do século XX compuseram 14 operetas, produto considerado de entretenimento popular e desprovido de valor artístico. No poema, Peter Finch mede e ironiza o alcance intelectual de uma das alunas através de seu gosto musical popularesco.

I read Sylvester´s/ rendering of Basho,/ best in language/ Frog/ Pond/ Plop: Matsuo Bashô (1644 -1694), é autor do haikai mais famoso da lingual japonesa (furuike ya/ kawazu tobikomu/ mizu no oto) , que recebeu várias traduções ao redor do mundo. No Brasil, uma das mais famosas traduções desse texto é de Haroldo de Campos (velho tanque/ rã salt tomba/ rumor de água), embora outros o tenham traduzido também, como Paulo Leminski e Décio Pignatari tendo, este último, utilizado princípios da semiótica para aproximar sua tradução dos ideogramas originais. Em Summer School Peter Finch cita a tradução de Dom Sylvester Houedard (1924-1992), poeta nascido na ilha de Guernsey e que, nos anos 60, a exemplo dos irmãos Campos e de Décio Pignatari, realizou importantes obras de poesia visual e concreta.

 

 

 

 

 

 

Tudo que ela diz


(All She Says)

Ela ainda está lá do outro lado da linha telefônica imaginando que acertou em cheio. Sua voz mudou depois de todos esses anos. Áspera, as palavras têm menos graça, mas ainda é ela. Ela ama esse cara novo. Agora ela não diz nada sobre o quanto é real, quão diferente, e o quanto é melhor. Mas dá para notar pelo jeito que ela fica. Ela quer o cortador de grama emprestado e não teria nem sonhado mm pedir antes sabendo que você teria de levá-lo deixando um rastro de grama seca, lama e terra ao longo do corredor e por toda a entrada frontal. Ela diz que os garotos estão bem. Você recebeu o cartão de aniversário que Jamie mandou? Ele mesmo o fez. Você quer manter a conversa até o podíamos tentar de novo agora. Depois de tanto tempo somos novas pessoas, aprendemos um milhão de coisas sobre como o mundo realmente funciona e para quê estamos nele. Você se pergunta por um minuto o que você faria se ela dissesse sim. Mas não há problema, ela é interrompida pela campainha, nada muda, ela tem que ir.

"Sabe, podíamos nos ver, sabe. Quem sabe a gente podia?" Pelo menos você põe para fora, orgulhoso, nervoso, mas o silêncio ao redor do telefone é imenso.

"Olha, traz o cortador aqui. Eu agradeço. Tenho que ir."
É tudo o que ela diz

Tradução de Donny Correia

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O Escritor em Férias com Dois Adolescentes Envia um Postal para a Casa


(The Writer on Holiday with Two Teenagers Sends a Postcard Home)

Queridos,

Vocês não gostariam daqui. É muito parecido com a revista, cheio de brilho e calor. A cada dia, lá pelas onze horas, quando nuvens desfazem-se a oeste, tudo que vemos é o Sol. Estamos numa angra num rochedo recuado, cercado de areia artificial e rodeado pelo manso Mediterrâneo. Este errático precursor espanhol da EuroDisney foi invadido por alemães da indústria automobilística e é, agora, um dos lugares mais barulhentos da Terra. Crianças endemoniadas armam-se com bóias de crocodilo gigantes e máscaras de mergulho do tamanho de uma TV e berram em círculos. Os mulherres parecidas com leões marinhos calejados uivam alucinadas enquanto seus maridos-lagostas pagam, o que deve ser para eles e suas brilhantes economias virtualmente nada, pelo aluguel de sombrinhas enferrujadas e espreguiçadeiras corroídas. O Paraíso Baleárico.

Em pouco tempo que estou aqui, já revi o Coelho de Updike, Sophia de Styron e A lista de Keneally. Meus filhos encolheram-se na sombra de uma perseguição lúdica aos irmãos Mario e da manipulação de pilhas de tetris caindo pela tela. Posso discursar sobre o holocausto, sobre culpa e amor e o lugar de deus nessa bagunça infernal. Eles podem mover os dedos com uma destreza que eu jamais terei. Os valores mudam. Bebemos coca-cola entupida de gelo e fatias de limão. Eu cochilo. Com o amor que somente a intimidade familiar demonstra eles repreendem um ao outro por estarem vivos.

Esta tem sido uma semana de angústia, culpa, dissidência juvenil e a mais descabida revolta. Eu torrando no Sol lacerante como um arpão, atraindo vespas abusadas como um doce derretido. Seu cabeção viado cala a boca e paga logo essa bosta não enche o saco punheteiro eu vou chutar o seu traseiro de merda imbecil.

Não há nuvens. A televisão é em espanhol. O ônibus para a cidade é lotado.

Às vezes, nos momentos em que uma trégua advinda por acidente, quando o abuso suaviza-se no deslavado sono de adolescente, eu reflito sobre como os grandes líderes da humanidade devem ter a pele de concreto, como abrigos anti-bombas, e ouvidos tão seletivos quanto o dial de um rádio russo.

Areia na sua mala, terra na suas roupas de cama, um calçado verde gigante para atletas tamanho 36 por sobre sua última toalha limpa, filtro solar no seu passaporte, sua caneta, um dardo cego, seu romance de Stan Barstow lido pela metade lançado ao mar à tarde.

A virulência se expande como vapor enquanto o Mediterrâneo acena cada vez mais azul no calor ferino. No horizonte um iate branco pasta. A despeito do meu bronzeado, me sinto débil e ausente. Os alemães compram todos os enormes cachorros-quentes menorcanos e os encharcam com uma reluzente mostarda trazida de casa. Eu compro o jornal de domingo com três dias de atraso por ?5.50 e vejo que a revista, o suplemento de artes e a seção de livros foram jogados fora para economizar no peso do avião. Eu me xingo um pouco.

À distância eu posso ouvir o recreador do hotel gritando alto para encorajar os arianos na piscina a dançarem polka mais rápido. A semana vira fumaça como a que sai da chaminé de um cruzeiro. Eu me camuflo com bronzeador. Ao menos a praia está irredutivelmente de topless. Eu ajeito meus óculos escuros e me permito um sorriso. Bicha de merda grita meu filho.

Felicidades
P.

Tradução de Donny Correia

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A Escuridão e os Sons da Água


(Darkness and the Sounds of Water)

"Sabe, podíamos nos ver, sabe. Quem sabe a gente podia?" Pelo menos você põe para fora, orgulhoso, nervoso, mas o silêncio ao redor do telefone é imenso.

seis luas de sódio
sobre o rio,
seis satélites silentes
feitos a vidro e gás

a lua real repousa piscante
e eu assisto o estalar
onde águas retorcem-
se e a espuma espessa
é amarela
por um instante
ao escurecer.

ouço-me respirar
só escuto a água,
e os sons
da penumbra
retornando.

 

Tradução de Donny Correia

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Donny Correia
Donny Correia, our Portugese translator

 

 

 

 

 


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